Saiba mais detalhes sobre o DESPERTAR DA XAMÃ - CICLO 1

CALDEIRÃO ALQUIMICO

A vida é cíclica, a ciência da Xamã, é saber morrer para assim renascer.Ybirá

Um rastreamento corporal de percepções pele adentro, um atravessar-se em rios subterrâneos de emoções, um dar-se conta do oculto por trás de todas as coisas, um reconhecer.se como camadas sobrepostas de resistências e pactos de fidelidade que revelam pontos cegos que criamos a partir da inconsciência de carregar pêsos mortos.

Integridade é reconhecer.se como lunar e solar, sombra e luz, estabelecendo uma via de conduta a partir do abraço àquilo que mais tememos: o porão desconhecido das dinâmicas ocultas do inconsciente celular, pessoal e coletivo.

No profundo feminino, no colo maternal, nos rendemos, treinamos sobre humildade e paciência. No escuro nos diluímos ao instinto vital da terra, ao estado original de fusionamento, ao útero ancestral, regressamos à semente, atravessamos o caldo caótico do não saber e acendemos a energia criativa da serpente que destila o veneno, sonha e materializa a autonomia do adulto, recordando a promessa da árvore que viemos ser.

Ybirá

TENDA VERMELHA – HONRAR O FEMININO

"O que quer que aconteça, a terra sempre estará nos apoiando, isso é amor incondicional". Sabedoria Aborígene.

A Tenda Vermelha é o lugar dos corpos com vulva. É lá que as mulheres se reúnem durante o seu ciclo lunar, período menstrual, para ficarem juntas e se sentirem em harmonia com as mudanças ocorridas em seus corpos, se recolherem, ficarem em silêncio, cantar, rezar o tabaco, contar histórias, partilhar visões, habilidades mútuas e experiências de vida, para desfrutar da companhia das suas irmãs, descansar e serem cuidadas.

Em muitas tradições nativas o Tempo da Lua, é considerado um tempo sagrado da mulher, durante a qual ela é honrada como sendo a Mãe da Energia Criativa. Durante este ciclo, ela deve liberar-se das tarefas habituais e das energias antigas que seu corpo vinha carregando, e preparar-se para a religação com a fertilidade da Mãe Terra.

Resgatar esse Espaço Sagrado da Tenda Vermelha na contemporaneidade, a consciência corporal dos ciclos femininos e seus respectivos arquétipos lunares- a donzela, a mãe, a feiticeira e a anciã- o lugar de reparação e reverência à origem da vida, ao útero e à vulva, é compreender a dimensão profunda e emergencial de inclusão política-social-ecológica, do aspecto feminino da natureza em nossos corpos, garantir uma prosperidade comunitária e a possibilidade de materialização dos sonhos pessoais e coletivos que nos chegam através da criação de um espaço tempo ritual de reconexão inclusiva, assim como curar a exclusão e a violência da cultura patriarcal que submete e menospreza o feminino.

É crucial compreender o papel, o lugar e a importância de cada polaridade: o masculino e o feminino em nós, em união cooperativa e fraterna que nos possibilite construir internamente a qualidade da sustentação que transmite segurança (polaridade yang) para a intuição criativa e receptiva em liberdade sonhar (polaridade ying), mantendo unida a energia feminina e masculina grupal em equilíbrio de dinâmicas. Na Tenda Vermelha, homens e mulheres aprendem a beleza da receptividade, do recolhimento e a assimilar as próprias experiências de vida.

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Saiba mais detalhes sobre a BUSCA DA VISÃO - CICLO 2

SONHO SUSTENTÁVEL NA TERRA: DILEMAS EXISTENCIAIS

“Necessitamos conjuntamente e incansavelmente educar para transformar o vírus humano em um agente de regeneração.” Ybirá

A Busca da Visão também impulsiona transições de vida, através de uma retrospectiva da biografia pessoal, uma necessidade de resgatar e responder à perguntas existenciais básicas, como: “Quem sou eu? Onde estou? Para onde desejo seguir? Qual o meu Propósito Espiritual? Nasci para quê? Onde desejo morar? Vivo a vida que sonho para mim ou vivo o sonho imposto? Trabalho com o que gosto? Quais meus dons e talentos? O que não é meu e não me pertence que necessito renunciar?”.

Essas perguntas são chaves mestras fundamentais para serem respondidas de forma consciente, a partir de um estado de esvaziamento e de uma escuta profunda dos espíritos inteligentes da natureza, dos quatro elementos fundamentais à nossa existência e dos movimentos da alma, do corpo e do coração.

A travessia pelos portais desses dilemas, geram oportunidades de confirmação e abertura de visão em direção a novas escolhas e caminhos de vida, nos aproximando do ser humano sadio, integrado à sua verdadeira vocação, onde nosso sonho original de vida se sustenta em cooperação com a natureza e promove a vida sustentável na Terra.

NOITE ESCURA DA ALMA

A Medicina da Busca da Visão apoia momentos chamados de transição, “noite escura da alma”. São crises existenciais profundas, que arrebatam o ser diante das próprias resistências à mudanças, tempos em que a sabedoria da própria vida, acelera movimentos de alinhamento da alma aos desígnios do coração, pressionando, chacoalhando e colocando em cheque, apegos, estruturas psíquicas rígidas e padrões arraigados de condicionamentos socioculturais, a ponto de provocar eventos fortuitos que provocam um estado emergencial de deslocamento e ruptura do “status quo” do ponto de aglutinação e paralisação em que nos encontramos, para assim avançarmos em direção à realização espiritual primeira, nos relembrando a tarefa de manifestar o sonho original da criança divina em nós, resgatado a partir de um alinhamento de rota com o nosso mestre coração.

O contato visceral e solitário na natureza, na mata e nas montanhas, durante três dias e três noites, em jejum de alimento, sem banho, em comunhão com os quatro elementos e a ciclicidade do dia e da noite, dentro do Espaço Sagrado Individual das Quatro Direções da Roda Medicinal, somado à experiência de aproximação com o limiar desconforto da morte psíquica, traz a oportunidade de parar e vivenciar dias fora do tempo linear produtivista, ajudando a evidenciar a identificação com as camadas do “Falso Eu”, domesticado e condicionado pelas couraças da cultura e do conforto urbano, evidenciando medos existenciais profundos e necessidades supérfluas, que embotam sentidos e capacidades intuitivas que nos afastam da nossa real natureza animal e da encarnação no corpo do Propósito Espiritual. Limpar camadas de memórias e de excessos acumulados, transformando pouco a pouco a visão identificada do consumidor capitalista auto centrado e desenfreado, no animal selvagem, que reconhece a necessidade do essencial para ser feliz e viver com gratidão, partilhando os presentes recebidos com a comunidade.

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